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quinta-feira, 14 de junho de 2012

TODO ARTISTA EXIGE SOLIDÃO


















LUIZ ZATAR TABAJARA

Ah, essa coisa da solidão, de sentirmos que estamos perdendo o azul do céu lá fora quando estamos fechados em casa, entrincheirados em nosso castelo criando mundos, revisitando épocas, sofismando sob as estrelas dessas tardes frias de junho sem balão...
Estou no ápice desse momento de solidão, mas sei que não vou encontrar a cura,afinal, parece que eu preciso desse silêncio, dessa não interferência do mundo lá fora, e, no entanto,  há um clamor em mim que grita pelos dias de festa, dias em que enchia a sala de amigos, me esqueço que há tempo para tudo... Temos que entender o impossível, entender que não dá para nadar contra a corrente, que não podemos  deter as guerras civis de povos que vivem ainda na barbárie, de terroristas que se explodem e matam 84 pessoas no meio das ruas... imagina, seria pedir demais desse ser humano ( dessa raça )  que joga lixo sobre nossas cabeças, se você mora num prédio e tem alguém morando em cima de você, vai entender o que digo muito bem... Ultimamente ando meio impaciente com tudo e principalmente comigo mesmo, não consigo salvar o mundo, não consigo segurar, deter todas as ameaças e elas parecem tão gritantes... Num país sufocado em sua miséria moral, em meio a pessoas que perderam qualquer noção de valores,  pedir o que desses nossos jovens que hojem beiram os 25, 30 anos? Nem Batman para dar jeito... Nem toda legião de super heróis...
Nunca temos o desejado, aliás,  tudo tem um preço enorme... Acho que a culpada de tudo para eu estar assim é a consciência, esse grilinho falante que nos desperta para os horrores da realidade e ao mesmo tempo não nos mostra lugares de fuga. Fugir como? Fugir de quem? Antes, uma vez,  julguei que a fuga fosse possível, era um jovem alienado... Não dá mais para fugir e usar capas invisíveis de Harry Potter ou os anéis mágicos e chamar por SHAZAM!, ( aqueles anéis que uma vez juntos novamente, tinham o poder de invocar  um gênio protetor)   Nós que vivemos os anos 60, os Beatles, que nos apixonamos ao som de Elvis Presley, que escutamos a Ternurinha Wanderleia embalando nossos mundos guiados pelo papai Walt Disney,  nos perdíamos no Túnel do tempo ou pegávamos carona à bordo do Jupiter 2 com Will e Dr. Smith, todos nós sabemos que tem alguma coisa errada com esses sangrentos dias atuais. Nos tornamos  alguma coisa meio que sem solução, nos debatendo para sobreviver após os 50 anos... encarando  o perigo da Diabetes, da falta de magia, dos rumos perdidos...
Ah, malditos 50 anos, bem fez Peter Pan, se a Terra do nunca fosse possível...
Ainda não temos como conversar com nossos computadores, nem existe ainda um meio mágico de podermos comer sem engordar... Temos que viver aos saltos, aos tranco e barrancos para fugir dos Avcs, das pragas das empregadas, ( como viver sem alguém que tire o pó e que tormento ter esse alguém e ensinar como se coloca a comida na mesa... ) Meus Dvds comprados  me olham de esguelha como se me cobrassem a hora de serem vistos. Tudo aquilo que foi mágico um dia será que poderá ser Mágico agora?
Sei dos filmes que não consigo mais assistir, que me dão sono, das letras burras e sem melodias, do amor sem paixão, das falas sem verbos e adjetivos, do viver por viver de nosso tempo rico em imbecilidades... e no entanto viver ainda é maravilhoso, grandioso.
Artistas vivem sempre na beira do abismo, criam e acessam mundos imaginários, lúdicos,
mas em troca... a solidão, as privações,
estou lendo Henry Miller quando foi morar num dos lugares mais paradisíacos da América do Norte, o BIG SUR. Dá perfeitamente para entender que uma estrela de cinema é capaz de sentir-se profundamente só... artistas dramatizam tudo, vivem entre os extremos, é a única maneira que sabem para sobreviver...

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